Na abertura da terceira semana de depoimentos, a CPI da Covid-19 está ouvindo hoje (18), o ex-ministro das Relações Exteriores, que deixou o cargo no fim de março após intensa pressão das principais lideranças do Congresso Nacional. Ernesto Araújo iniciou seu depoimento afirmando que sua gestão não “criou percalços” no combate à pandemia do novo coronavírus e que sua pasta nunca agiu de forma independente, mas com orientação do Ministério da Saúde.
“Jamais promovi nenhum atrito com a China”, disse ainda o ex-ministro. O presidente da CPI da Covid-19, Omar Aziz (PSD-AM), cobrou Ernesto Araújo sobre suas declarações contra a China e citou um artigo intitulado “Chegou o comunavírus”, publicado em seu blog pessoal, onde o então chanceler denunciou, em abril de 2020, a existência de um “plano comunista” que tiraria proveito da pandemia. “Vossa Excelência está faltando com a verdade”, disse Aziz.
O ex-ministro afirmou que o presidente Jair Bolsonaro pediu “apoio” para importação de insumos necessários para a produção da cloroquina. Em outro momento, Araújo afirmou que Brasil buscou cloroquina no mercado internacional a pedido do Ministério da Saúde. O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros, citou ao ex-ministro que o Brasil foi o único país a “embarcar na campanha de Trump contra a OMS” e perguntou de quem partiu esta orientação. “Partiu de mim a orientação de agir nesse sentido”, disse Ernesto Araújo.
Araújo também afirmou que a opção pela adesão mínima (10%) do Brasil ao consórcio Covax Facility foi uma decisão do Ministério da Saúde, e admitiu que pediu a troca do embaixador chinês no Brasil. “Escrevi ao chanceler da China com queixas sobre atuação do embaixador em nome das boas relações Brasil-China”, disse. Ernesto Araújo complementou que não foi procurado por “ninguém do governo” para tratar da aquisição de vacinas da Pfizer, mesmo tendo admitido que o embaixador do Brasil em Washington, Nestor Forster, havia recebido a carta da farmacêutica endereçada às autoridades brasileiras.
Este é o sétimo dia de depoimentos na CPI. Ernesto foi chamado à CPI na condição de testemunha, na qual o depoente se compromete a dizer a verdade, sob o risco de incorrer no crime de falso testemunho. Além de Araújo, estão marcados para esta semana os depoimentos de Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, e Mayra Pinheiro, secretária da Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, conhecida como “capitã cloroquina”.
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