Para o Brasil todo, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou ter planos para iniciar a vacinação de adolescentes após todos os adultos tomarem a primeira dose. Os planos seguem as tendências adotadas em outras partes do mundo.
No Brasil, somente a Pfizer recebeu autorização para mudar a bula de sua vacina e incluir os jovens de 12 a 17 anos.
Além da Pfizer, o Instituto Butantan foi o único a pedir autorização para uso da Coronavac em populações abaixo de 18 anos. Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o Butantan pediu que a bula passe a incluir pessoas de 3 a 17 anos.
Por fim, a Janssen está conduzindo estudo, autorizado pela Anvisa, para ampliar a indicação de idade da vacina.
Até o momento, estão autorizados para uso em adultos no Brasil os imunizantes da Pfizer, da Janssen, a Coronavac e a Covishield, imunizante de Oxford/Astrazeneca.
Em outros países, a expansão de idade para aplicação da vacina contra a Covid já vem acontecendo.
Nos Estados Unidos, o CDC (Centro de Controle de Doenças) recomenda que toda a população a partir de 12 anos deve se imunizar contra a Covid. O imunizante da Pfizer recebeu, em maio, autorização da FDA (agência americana de regulação de drogas) para uso em adolescentes.
Israel, em maio, foi no mesmo caminho ao autorizar a expansão etária para uso da vacina. Com o crescimento de casos no país associado à variante delta, em junho, o ministro da Saúde recomendou que todos de 12 a 15 anos se vacinassem contra a Covid.
A União Europeia, em 28 de maio, também aprovou o uso da vacina da Pfizer e, em julho, o da Moderna para pessoas de 12 a 15 anos.
“Faz sentido [vacinar pessoas mais jovens], depois que vacinar o último adulto”, afirma Renato Kfouri, primeiro secretário da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações). “É o caminho natural em países que têm vacinas e que já vacinaram a população adulta.” Segundo ele, também não se deve esquecer da importância da imunização de adolescentes com comorbidades.
De toda forma, o especialista aponta que, no momento, no Brasil, não há imunizantes suficientes para vacinar, ao mesmo tempo, todos os adultos e adolescentes.
E esse não é um problema só do Brasil. Os planos de usar imunizantes em adolescentes e para terceiras doses levou a uma manifestação da OMS (Organização Mundial da Saúde) contrária às ideias.
“Em países de renda baixa e média-baixa, o fornecimento de vacinas não tem sido suficiente para imunizar nem profissionais de saúde”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde).
As vacinas aprovadas contra a Covid para crianças e adolescentes, como a da Pfizer, são seguras para essa faixa da população.
Autoridades de saúde americanas e israelenses alertaram para casos raros e leves de miocardite (inflamação no músculo cardíaco) e pericardite (inflamação da membrana que cerca o coração) associados a vacinas que usam RNA mensageiro, como a Pfizer/BioNTech e Moderna.
Kfouri, da SBIm, destaca que os casos tiveram evolução positiva. “Pode acontecer o efeito adverso, parece estar relacionado”, afirma. “É uma complicação rara e benigna e, perto do benefício, continua sendo muito vantajoso.”
Em julho, o estudo que mostra a segurança, a imunogenicidade e a efetividade em adolescentes da vacina da Pfizer foi publicado no respeitado periódico científico The New England Journal of Medicine.
No fim de junho, estudo de fases 1/2 publicado na importante revista científica The Lancet Infectious Diseases demonstrou que a Coronavac é segura e produz resposta imune em crianças de 3 a 17 anos.
A Coronavac foi desenvolvida pela laboratório chinês Sinovac. O governo da China anunciou que iria começar a aplicar a vacina em crianças a partir de 3 anos.
Apesar disso, Kfouri diz que a faixa etária é muito ampla para comparativamente poucas crianças estudadas, o que pode trazer dificuldade para aprovação pela Anvisa.
Novos estudos com adolescentes e com crianças –e até bebês– continuam em desenvolvimento e devem crescer, para inclusive aprofundar o perfil de segurança dos imunizantes nessas faixas de idade.