O ator brasileiroRodrigo Ternevoy, que desde 2008 mora em Dublin, na Irlanda, e há cinco anos integra o elenco da principal novela daquele país – Fair City, que está em exibição há 32 anos no canal RTE, o maior canal de televisão da Irlanda – comemora o sucesso de seu primeiro curta metragem. Escrito, produzido e protagonizado por ele,o filme, intitulado O Peso do Tempo (The Weight of Time), acaba de ganhar seu segundo prêmio internacional: nesse fim de semana venceu como Melhor Curta Metragem LGBT no Thessaloniki Short Film Festival, da Grécia, onde também havia sido indicado como Melhor Drama, com Ternevoy também indicado a Melhor Ator. Há alguns dias, o curta já havia levado o Prêmio de Excelência no One-Reeler Film Festival, de Los Angeles (EUA).
Natural de São Caetano do Sul/SP, Ternevoy mudou-se do Brasil para a Irlanda para estudar inglês, tirando, na ocasião, um ano sabático de folga no banco multinacional onde trabalhava em São Paulo. Desde então, nunca mais voltou, a não ser em férias. Em Dublin, decidiu dar uma guinada na carreira. Desligou-se do banco e ingressou na Bow Street Academy, onde estudou arte dramática, tendo como professores nomes como os diretores Jim Sheridan (que tem seis indicações ao Oscar) e John Carney (do premiado Apenas Uma Vez).
“Estou há bastante tempo atuando na Irlanda e eu realmente gostaria de mostrar o meu trabalho também no Brasil, em produções para a TV ou cinema. O sucesso de meu personagem em Fair City é muito legal, ser reconhecido nas ruas por onde ando é uma experiência sui-generis e gratificante. Mas eu gostaria de ter esse reconhecimento também em meu país”, afirma Ternevoy, colocando-se à disposição de produtores para fazer trabalhos no Brasil.
Amor e perdão
O Peso do Tempo é um filme de amor e perdão que conta a história de um casal gay formado por Felipe, brasileiro (interpretado por Ternevoy), que espera ansioso seu parceiro Jason, irlandês (interpretado por Cormac Ó Broin) voltar para casa depois de passar dois anos preso por um crime que tudo indica ter ocorrido em autodefesa. Ao sair da prisão, no entanto, Jason não vai ver Felipe, mas acaba indo para a casa de seus pais (interpretados por Ally Ní Chiaráin e Pat Nolan). Nesse meio tempo, novas informações começam a ser desvendadas e uma virada na história acontece.
A ideia do filme surgiu durante o período de lockdown na Irlanda, devido à pandemia da Covid-19, no primeiro semestre do ano passado. “Com as gravações de Fair City paralisadas durante a quarentena, eu precisava me manter ocupado, pois não consigo ficar parado. Foi quando resolvi escrever o curta com uma ideia que já estava há algum tempo em minha cabeça”, conta. “Tudo foi saindo muito rápido e ao mesmo tempo em que eu escrevia, já fui pensando no elenco e no diretor para a produção”, afirma. Ternevoy contratou o diretor Noel Brady, agilizou os processos e imediatamente após o lockdown começaram as filmagens.
Ternevoy afirma que, quando ocorreram as filmagens, 90% da produção e do elenco já tinham tomado as duas doses da vacina da Covid e testes foram feitos para que tudo fosse feito com segurança adequada. Com a experiência de ter trabalhado em vários sets de filmagens, o brasileiro sabe que atualmente, em qualquer lugar do mundo, os protocolos de segurança são diferentes de antes. “Gravamos tudo em três dias, com todo mundo de máscara e muito álcool gel disponibilizado, pois qualquer descuido poderia levar grande risco à segurança e à saúde de todos os envolvidos. E captamos as imagens em casas normais e não em estúdios”, diz. Foi necessário cerca de um mês da primeira versão do roteiro até a versão final ficar pronta. A pós-produção durou cerca de três semanas. “Do início ao fim, foram aproximadamente cinco semanas para que o filme ficasse pronto”, conclui.
“Essa foi a primeira vez que eu escrevi, produzi e atuei em um curta metragem e estou muito feliz pelo filme receber reconhecimento”, afirma Ternevoy. Ele tem inscrito a produção para diversos festivais de audiovisual. Além dos dois em que já foi premiado, O Peso do Tempo será exibido também neste domingo, 5, no Undergroung Cinema Film Festival, da Irlanda. E outros festivais ainda estão por vir.